Acordei confiante!
Sabia que meus problemas de
qualquer possível ordem financeira haviam se resolvido.
Agora, era criar uma nova vida
focada na boa criação dos filhos, na manutenção do amor e do ambiente familiar,
e na administração da nova condição.
Meu primeiro desejo foi o de
ligar para o Sr. Alexandre Badolato e foi exatamente isso que fiz:
- Alexandre, aquele dia em Águas
de Lindóia, você disse que tem alguns carros que poderia vender para dar lugar
a outros... Lembra? Por acaso o Charger RT 77, branco valência, com interno e
vinil vinho poderia ser um desses? É que apareceu um dinheiro, imprevisto, mas,
muito bem vindo aqui e eu queria comprá-lo...
- Poderia!!!
Fechamos negócio por telefone.
Ele ficou de deixar o carro
pronto pra que em dois dias eu o fosse buscar.
Esses dois dias foram de noites
em delírio, sonhos diversos, programações e articulações de lugares e viagens
num carro magnífico.
Chegado o grande dia.
Logo cedo, rumei para o Museu do
Dodge.
Fui com o carro que ainda uso no
cotidiano, na intenção de deixá-lo lá mesmo, e voltar dirigindo o RT .
Cheguei cedo demais, o sol
acabara de surgir para ser testemunha, naquele dia, da minha alegria. Parei de
fronte ao portão, e ali fiquei.
Para passar o tempo revisei meus
planos: depois de agradecer ao Alexandre, saber de mais alguns detalhes sobre o
carro, eu sairia rumo ao posto de combustível e depois... Daria ao RT uma boa
dose de estrada.
Nesses pensamentos, fui
surpreendido por uma buzina. Era o Alexandre, chegando..
Tremi de satisfação, mais uns
poucos minutos e o RT 77 em toda sua exuberância estaria sob os meus cuidados.
Conversamos um pouco, ouvi com
atenção as recomendações. Despedimos-nos, peguei a chave e entrei no carro.
Fechei a porta, os vidros estavam
também fechados. Pus as mãos no volante, já inebriado pelo maravilhoso cheiro
de couro, cheiro de história!!
Para a estranheza dos que me
esperavam partir, não saí com o carro. Fiquei ali, saboreando, degustando.
Minutos depois liguei o motor, na
primeira acelerada senti o RT balançar, exibindo toda sua vivacidade.
Acenei, e parti.
Peguei a estrada de acesso à
rodovia, mas parei, desci do carro e fui acariciá-lo, admirar todo aquele
esplendor, o branco valência, num tom mais carregado, é um branco diferente,
parece um pouco amarelado, o que o torna ainda mais charmoso.
O vinil e o interior vinho
formavam uma combinação de absurda elegância, na medida certa do bom gosto.
Sexy mas, não vulgar!!
O carro estava impecável.
Segui até o posto de combustível,
enchi o tanque, calibrei os pneus.
Vou ao Sul do país, de Charger
!!!
Peguei a estrada e logo entrei
numa neblina muito forte. Estranhei muito aquela situação, pois, já eram quase
9 da manhã.
Sentia o motor forte do RT sob
meu domínio, e algumas aceleradas mais fortes eram impossíveis de evitar.
A neblina aumentou. Invadiu o
habitáculo do carro.
Ouvi alguém dizer “- Márcio..
Márcio ... tente ficar sentado” !!!
Pensei como seria possível não
estar sentado dentro do carro.
De novo a voz: “Márcio.. vou
trazer seu lanche, você vai acordar com muita fome!! Sente-se!!”
Num estalo, ouvi a frase que pois
fim a toda minha satisfação e alegria naquela sexta-feira:
“ -Sua endoscopia já terminou e
logo o efeito da anestesia vai passar... é normal alguma alucinação, não se
preocupe !!!!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário